Quero sair por aí, parar no meio do nada
Buscando novas estradas, antigos rastros perdidos
Ter a brisa perfumada a despertar meus sentidos
E um sussurro de prece, a acariciar meus ouvidos.
Sorver partículas de uma paz constante
Mirar horizontes, beber as distancias
Na taça do olhar,
E poder enfim, voltar pra dentro de mim,
E me encontrar.
Alar os meus sonhos, pôr meus pés de ventos
Estacionar o tempo, viver minhas loucuras
Na eterna procura de um mundo melhor
Viajar na lua, desfilar em ruas pintadas de azul,
Com um sorriso aberto, ver o céu de perto
Tocar as estrelas, por instantes tê-las
Presa entre meus dedos, desvendar segredos
Esquecer meus medos, ser apenas eu.
Andar por aí sem comprar passagem
Levando na bagagem um sonho –mensagem
Usando a linguagem que o amor traduz,
Ser um colibri entre os girassóis
E nos arrebóis me incendiar de luz.
Encontrar olhares e sorrisos francos
Ter como acalanto a canção das águas
Esquecer as magoas, não olhar para traz
Pois a vida aqui é efêmera,e o sonho tão fugaz,
Pois não vale a pena conservar rancores
Tantos desamores que nos causam dores,
Redescobrir valores na simplicidade,
Esquecer vaidades e a prepotência
Na mais pura essência da humanidade,
Seguir sempre em frente, ser apenas gente,
Num gesto de amor, tão simplesmente.
Construir altares sobre uma cascata
No verdor das matas, entender o céu.
Recolher a chuva de sereno e prata
Que o luar desata num dourado véu.
Ver as borboletas cirandando os ares
Buscando seus pares, matizando os campos,
Ver os pirilampos ascenderem seus luzeiros
Iluminando o Rio Grande inteiro
Emoldurando de ternura os olhos meus,
Trançar o poncho da noite, com as rendas claras do dia
E numa rede, embalar sonho e magia
E ter a poesia pra falar com Deus!