segunda-feira, 7 de março de 2011

Revirando um baú recente de muitos papéis já inúteis

Ao revirar algumas pilhas de papéis do ano passado, encontrei uma prova do semestre passado, da matéria de Introdução a Sociologia, com o Prof. Dr. JV. Ao reler, notei o quanto o meu pensamento já mudou quando a tudo o que eu pensava no Ensino Médio. Através dos tempos, novos amigos, novas ideias, novas indagações, desafios e descobertas nos aparecem e fazem com que tudo o que era aparentemente 'cristalizado' em nós, mude e se renove, creio eu que para melhor.
Aí vai uma questão da tão temida prova. Adivinhem a nota... AKSOAKSOKAOSKASOKAS



(I) De Masi fala de um mundo social e econômico em plena ebulição: a sociedade e o mundo econômico (principalmente o trabalho) mudaram radicalmente. Qual a relação que há entre o mundo retratado por De Masi e a realidade interpretada pelas autoras Sallas e Bega sobre a juventude e a violência no Brasil? Como é possível fazer convergir para este debate/ reflexão as ideias de Sachs sobre desenvolvimento? Disserte.

              Domenico De Masi traz à tona uma grande modificação ocorrida em fins do século XX: a revolução pós-industrial. Coloca ele, que se a revolução agrícola nos trouxe técnicas e instrumentos para a produção de produtos agrícolas e a revolução industrial nos  trouxe as máquinas e as formas de produzir bens e produtos, a revolução pós-industrial voltou-se para a invenção de ideias. Assim, o grande artigo de troca e venda seriam as ideias, os avanços tecnológicos.
            O homem não tem mais a necessidade de realizar grande parte das suas atividades manuais, principalmente nas indústrias, pois as máquinas, cada vez mais aprimoradas, passam a desenvolvê-las por ele. Isso faz com que haja cada vez mais tempo livre, tempo para o ócio. Este tempo deveria ser utilizado de maneira a buscar novas tecnologias, ao aprimoramento intelectual e ao lazer, à descontração.
            Entretanto, deve-se analisar que este mundo retratado por ele, trata-se de algo ainda longe da realidade encontrada no Brasil. Para que a economia do ócio seja efetivada, é necessário que haja um crescimento econômico e intelectual, aliado a uma modificação cultural. O Brasil, como se pode observar, apesar de possuir uma taxa de crescimento cadê vez maior, ainda está longe de um avanço na estrutura educacional como da França, Japão, China e outros países desenvolvidos. Além de possuir uma cultura a respeito do ócio voltada à “vadiagem” e “indolência”.
            Chegando a este ponto, pode-se analisar que no Brasil, uma sociedade extremamente elitizada e estratificadora, o máximo que pode existir, são pequenos grupos em que essa economia do ócio pode se desenvolver. A grande massa populacional continua à margem de toda esta situação, incluindo a juventude.
            A problemática dos jovens, gira em torno de vários escândalos e cenas de extrema violência e revolta em cenário nacional. Entretanto, deve-se observar que a juventude, de uma maneira geral, passa uma imagem de irresponsabilidade e instabilidade. E ainda pior se torna a situação dos jovens das classes mais baixas da hierarquia social, pois são constantemente estigmatizados e ligados a ideias de violência, drogadição e delinqüência. Contudo, deve-se parar para analisar toda esta questão e se ver que a violência não se explica por si mesma, existem fatores que a desencadeiam.
            A juventude abordada pelas autoras Sallas e Bega, se configura como um fenômeno multifacetado que engloba aspectos sociais, psicológicos e biológicos. Assim, os jovens não são violentos apenas pelo fato de serem jovens. O problema esta nas estruturas socializantes – escola, família, Estado – que não estão dando o suporte para a formação desta juventude como bons cidadãos, ativos e participativos. São excluídos e privados da sua liberdade de expressão, alem de não receberem os valores e os instrumentos necessários à sua integralidade intelectual, social, política e econômica. Ao receberem seu estigma, ou se frustram e se fecham, ou se rebela, e agem com violência. Aí está a causa de tantos fatos que deixam a sociedade escandalizada. Este quadro só seria revertido, a partir do fortalecimento das políticas públicas voltadas ao público jovem. Com uma modificação nas estruturas, tornando-as capazes de dar o suporte necessário para a formação de bons cidadãos, uma futura sociedade do ócio seria possível.
            A partir da criação e fortalecimento de políticas públicas, muitos entraves da sociedade moderna seriam quebrados. Entretanto, também são necessárias políticas sociais e econômicas eficazes, para a construção de uma “sociedade sustentável”. Este conceito de ‘sustentabilidade’ é amplamente debatido por Ignacy Sachs, grande pensador da atualidade, que se utiliza das ideias de Amartya Sem para sustentar suas teorias.
            Para ele, dois importantes sistemas falharam ao buscar o desenvolvimento: o socialismo e o neoliberal. O sistema que gera riquezas e que não impede as liberdades de participação é o capitalismo. Contudo, constitui-se de uma “máquina de desigualdades” e destruidor dos meios naturais. Assim, retornando à ideia base de Sachs, a formação de uma sociedade justa e de oportunidades realmente iguais se dá com o desenvolvimento sustentável. Assim, são vários os fatores que constituem o meio de alcançarmos este objetivo:
- Um Estado enxuto e ativo e não um “monstro burocrático”;
- A criação e implantação de políticas públicas, sociais e econômicas eficazes na diminuição das disparidades econômicas e sociais;
- E uma garantia de liberdades.
Aliás, outro ponto primordial na sua teoria é a questão da integração “homem X meio ambiente”. Diferente dos ambientalistas radicais, Sachs argumenta que, é necessário uma “convivência” amigável entre o ser humano e a natureza e não uma relação em que um é mais importante que o outro. Assim, uma sociedade só é realmente sustentável quando os indivíduos possuem instrução suficiente para debater e criar instrumentos tecnológicos que os possibilitem de utilizar os bens naturais, sem destruí-los, preservando para a geração futura.

BruhSurdi

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